Mosteiro de Santa Maria de Montederramo

Monasterio de Santa María de Montederramo

Monasterio de Santa María de Montederramo

O Mosteiro de Santa Maria de Montederramo é um mosteiro medieval possivelmente fundado no e que chegou a se tornar um dos mosteiros de maior poder econômico e social durante muitos anos na Galiza. Atualmente, o seu templo é um dos melhores exemplos do estilo Herreriano.

Situação

Localiza-se na paróquia de Santa Maria de Montederramo, no concelho do mesmo nome, na Ribeira Sacra, Galiza. Fica a 46 km a leste da capital da província de Ourense, no extremo de um altiplano de 920 metros de altitude média junto ao rio Mao.

História

Possivelmente foi fundado no num lugar diferente ao que ocupa em nossos dias, no lugar de Seoane Vello, apesar de não existirem provas documentais deste fato. Por outro lado, existem notícias do seu funcionamento em meados do , em que é nomeado Mosteiro de São João de Seoane Velho, ou simplesmente São João Velho, e como pertencente à ordem beneditina.

Conforme consta num documento assinado em Allariz, de 27 de agosto de 1124, foi refundado por Teresa de Leão. Neste documento registra-se pela primeira vez a denominação Rivoira Sacrata para a atual Ribeira Sacra.

A conservação do arquivo do mosteiro no Arquivo Histórico Nacional proporciona abundante documentação sobre as atividades do mosteiro.

A primeira referência histórica acreditada válida remonta a 1142, quando o rei pediu ao seu parente São Bernardo que lhe enviasse monges para implantar a reforma de Cister nos mosteiros de Meira, Sobrado, Melón e Montederramo. A data que se dá para a ligação efetiva à Ordem do Cister é 1153.

Deste jeito procederam à construção de um novo mosteiro que já denominariam como de Santa Maria de Montederramo, seguindo a residir no antigo cenóbio até por volta de 1163, ano em que acabaram as obras à comunidade.

Durante este têm-se documentadas numerosas doações reais. Assim, no Arquivo Histórico Nacional encontra-se um dos primeiros documentos do rei , uma doação ao mosteiro datada a 13 de outubro de 1157. A esta doação seguiriam outras do mesmo rei a 16 de julho de 1168 e a 2 de abril de 1170. Neste mesmo ano de 1170 a comunidade encarrega-se da, até então, malograda fundação do mosteiro de Xunqueira de Espadanedo, tornando-se numa filial de Montederramo, bem como se encarregou dos mosteiros de Santo Adrião e São Cibrão.

Em 1163 o abade D. Sancho recebeu uma bula do Papa Alexandre III na qual acolhe o mosteiro sob a sua proteção e amparo.

A partir de então as pugnas com o bispo de Ourense vão ser frequentes e o intermediário eleito pelos diferentes papas, Urbano III (c. 1186) ou Inocêncio III (1198 e 1200).

Desde princípios do conservam-se foros e escrituras de compras e vendas do mosteiro, sendo os dois primeiros de 1206 e 1207.

Em 1192 D. Gonzalo é o abade do mosteiro que dirigiu a comunidade por mais de 28 anos. Em 1225 D. Guilherme é o novo abade. Em 1227 e 1228 confirma as supostas doações feitas por , documentos que -como já se comentou- autores como Souza Soares ou Sánchez Belda consideram falsificações feitas em finais do . Estas doações voltarão a ser confirmadas por em 1232. Em 1241 o rei Fernando III cedeu ao mosteiro a isenção "das coisas que transportassem para o seu sustento...", confirmada em 1252 pelo seu filho , o qual também confirmou os anteriores documentos em 1255 e fez novas concessões em favor do mosteiro nos anos 1274 e 1277. Outra doação documentada é a que realizou Berengária Afonso, filha ilegítima do infante Afonso de Molina e concubina do rei que foi confirmada depois da sua morte pelo seu escudeiro em 1273.

O rei português Dinis também ditou ordem em favor do mosteiro em 1284, em relação à devolução de colheitas em Portugal levadas pela força e pertencentes ao mosteiro, dado significativo já que é amostra das posses que tinha no reino vizinho. Nos anos de 1286, 1287, 1291 e 1294 o rei voltou a confirmar todos os privilégios dados ao mosteiro pelos seus ascendentes e concedeu outros novos. De novo o rei nos anos 1302 e 1309 confirmou as cartas anteriores, bem como em 1309 concedeu ao abade de Montederramo o privilégio de nomear juiz e meirinho para governar os moradores do seu couto.

Desde 1242 o abade foi Fernando Velasco; em 1255 figura como abade D. Joan Páez; com posterioridade documenta-se em 1267 o abade D. Gil Pérez, e D. Joan Yanez a partir de 1286. Desde 1296 figura como abade D. Joán Martínez, aparecendo em documentos pela última vez em 1321, sucedendo-lhe no cargo D. Gonzalo Pérez.

Em 1330 e 1331, confirmou os privilégios reais anteriores. No mesmo ano de 1330 Pedro Fernandes de Castro, Adiantado-Mor de Galiza, Pertigueiro de Santiago e Mordomo do Rei, pai de Inês de Castro e do Adiantado Fernán Ruiz de Castro, doou terras no seu testamento ao mosteiro.

Em 1335 uma carta do rei serve de testemunho das posses do mosteiro nessas terras.

Por volta de 1349 documenta-se um novo abade, frei Joan, e ocorre então uma mudança no sistema levado até ao momento pela comunidade, na qual primavam as aquisições de propriedades frente ao que agora se faria mais comum, o aforamento das terras, chegando a ser a política exclusiva a partir de 1393.

O Cruel confirmou os privilégios de Sancho IV e em 1371 também confirmou privilégios anteriores. Em documentos de 1375 aparece como novo abade D. Pedro. As confirmações reais continuaram com (em 1381) e em 1393.

Ao abade Pedro sucedeu-o D. Gonzalo, que aparece documentado desde 1393, permanecendo no cargo cerca de trinta nos, aparecendo em 1425 D. João. Em 1452 o novo abade foi frei Vicencio Vasco de Monforte, sucedendo-lhe o breve abade Afonso (1470-1472) e a este, o frei Gonzalo de Quiroga (1473-1490).

Em 1415 o Papa Bento XIII expediu uma bula reduzindo a priorado o mosteiro de Xunqueira de Espadanedo, filial do de Montederramo.

Em 1494 aparece como Prior-Presidente a Gómez de Folgoso, na vez de abade, sinal do início de introdução da reforma cisterciense à Congregação de Castela, que agia através dos Capítulos Gerais.

No final do o mosteiro fez a sua última grande aquisição, o mosteiro de Santa Maria de Castro de Rei.

A partir de 1502 figura à frente do mosteiro o frei Alvaro de Abelenda, a que sucederam o abade Blas de Taguile (1510) e frei Joán de Onrubia (1513-1516), o último dos abades vitalícios.

Em 1517 o Papa Leão X restabeleceu a categoria de abadia a Xunqueira de Espadanedo. Em 1518 ocorreu a união à Congregação, passando a comunidade a ser governada por abades trienais.

A prosperidade que trouxe a incorporação à reforma provocou uma renovação dos edifícios, chegando em Montederramo a ser completa, incluindo a igreja.

Em 1582 estabeleceu-se no mosteiro um Colégio de Artes e Filosofia, tornando-se a Casa Central de Estudos da Ordem Cisterciense.

Em 1820 foram aprisionados e justiçados 16 monges do mosteiro por serem considerados opositores ao regime constitucional. Após a desamortização, o mosteiro foi subdividido e adquirido por diversos particulares.

Descrição

A igreja

O traçado da igreja é o dado em 1598pelo jesuíta Jesús Juan de Tortosa, que trabalhara nas obras do Escorial e que estava a trabalhar naquela da igreja da Companhia de Villagarcia de Campos. Este traçado de estilo herreriano não foi respeitado no cruzeiro e na cabeceira.

Da construção da igreja encarregou-se o mestre-de-obras Pedro de la Sierra que assinou o contrato para as obras de reconstrução a 23 de março de 1598. No ano seguinte acolheu na obra ao seu irmão Juan. Ambos seguindo os planos de Tolosa são os autores da fachada, a arcaria do coro e as três naves.

A fachada da igreja de estilo renascentista foi terminada em 1607], segundo consta numa inscrição situada na própria fachada. Caracteriza-se pela sua singeleza e a precede um adro. Divide-se em três corpos, sendo os laterais lisos e baixos com uma janela na parte inferior e outra menor no superior. O lado norte tem encostado um contraforte.

No corpo central há uma larga porta com dois pares de pilares de pilastras estriadas e capitéis jônicos, que suportam um tímpano em arco decorado com a figura de um jarrão com uma planta. Sobre o tímpano uma nicho com a imagem de Santa Maria, obra de Juan de la Sierra colocada em 1610. Em cima deste nicho terminado com um tímpano abre-se um vitral pequeno para iluminar o coro. O corpo central termina com um frontão triangular com o escudo da Congregação terminado por três grandes bolas. Na central pode-se ler "1607", considerada a data de terminação das naves e da fachada. O campanário encontra-se sobre o muro sul do cruzeiro situando-se mais atrás do que a fachada. É construído com um só muro enfeitado com pilastras estriadas. Rematou-o Pedro de la Sierra a princípios de 1632.

No lado norte possui quatro contrafortes e dois mais na cabeceira lisa.

No interior situa-se o coro alto na entrada das naves. Uma grade feita em madeira separa a cabeceira do resto, fechando as três naves o espaço reservado aos atos de culto da comunidade. A atual é de 1769 e apresenta o escudo da Congregação nela.

As naves separam-se por pilares de grande tamanho que nas suas faces que olham para o interior são decoradas com pilastras acanaladas e capitéis jônicos. Em cima uma cornija serve de arranque à abóbada de meio canhão marcada por arcos faixões e muita decoração da nave central. As naves laterais cobrem-se com abóbada em cruzaria com ogivas sobre pilastras lisas.

A construção do cruzeiro e a cabeceira foi encomendada a Simão de Monastério e Pedro de la Sierra executou as obras entre 1620 e 1631.

O cruzeiro cobre-se com uma simples cúpula com lanterna apoiada sobre penachos lisos. Cinco capelas laterais, com uma cobertura de abóbadas de meio canhão e arcos de volta perfeita, saem do cruzeiro.

A capela-mor compõe-se de dois trechos de grande profundeza. É decorada com pilastras estriadas. A abóbada de meio canhão é decorada com artesãos e janelas com lunetas.

Duas portas nos extremos do muro do fundo da capela-mor permitem a sua circunvalação através de uma estância retangular feita com muito esmero em 1614. Trata-se do trás-altar e apresenta um nicho para altar às costas do retábulo e cob…

Texto obtido de Wikipedia - Mosteiro de Santa Maria de Montederramo sob licença CC-BY-SA-3.0 el 30 Julho 2021

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