Medina

Medina

() é uma cidade localizada no oeste da Arábia Saudita, na região do Hejaz. O aglomerado possui cerca de 1 milhão e 300 mil habitantes (estimativa 2006) e é uma das cidades sagradas do islamismo. Até 622, quando o profeta Maomé entrou na cidade durante o episódio da história do Islamismo conhecido como Hégira, passou a ser designada como Iatrebe (Yathrib ou Iatreb). Do ponto de vista histórico-religioso, Medina foi a primeira cidade regida por princípios teocráticos adotados pelo profeta Maomé, difusor do islamismo.

História

Antes dos judeus

A primeira menção à cidade remonta ao , aparecendo em textos assírios (Crônica de Nabonido) como Iatribu. Na época de Ptolomeu, o oásis era conhecido como Látripa (Lathrippa). Os primeiros povos a se instalar no oásis de Medina foram as tribos de Banu Matrauil e Banu Haufe que traçam sua linhagem de Sem, filho de Noé. Estas tribos foram as primeiros a plantar árvores e cultivar na cidade. Quando as tribos iemenitas Banu Aus e Banu Cazeraje chegaram, havia cerca de 70 tribos árabes e 20 tribos judaicas em Medina.

Tribos judaicas

Os judeus chegaram à cidade no , na sequência das Guerras judaico-romanas. Houve três importantes tribos judaicas que habitaram a cidade até o : a Banu Cainuca, a Banu Curaiza e a Banu Nadir. ibne Cordadebe relatou mais tarde que durante a dominação do Império Sassânida na região de Hejaz, os Banu Curaiza atuaram como coletores de impostos para o xá. Durante a guerra entre judeus e romanos no , muitos judeus fugiram de Jerusalém e migraram para o local de seus ancestrais, Iatrebe (atual Medina). Nero enviou força romana maciça sob comando de Petra Lenidas para massacrar todos os judeus de Medina em 213

Banu Aus e Banu Cazeraje

A situação mudou após a chegada do Iêmen de duas tribos árabes, chamadas Banu Aus e Banu Cazeraje. No início, essas tribos eram dependentes dos judeus, mas, posteriormente, elas se revoltaram e se tornaram independentes. Por volta do final do , os judeus perderam o controle da cidade para os Banu Aus e Banu Cazeraje. A Enciclopédia Judaica relata que eles agiram da seguinte forma "solicitaram ajuda do lado externo e massacraram traiçoeiramente, em um banquete, os principais judeus". Assim, as tribos Banu Aus e Banu Cazeraje finalmente tomaram o controle em Medina.

A maioria dos historiadores modernos aceita a alegação de fontes muçulmanas que, após a revolta, as tribos judaicas se tornaram clientes (subordinadas) aos Aus e Cazeraje. De acordo com William Montgomery Watt, a clientela das tribos judaicas não é corroborada pelos relatos históricos do período anterior a 627, e sustentou que os judeus mantiveram a independência política.

Ibne Ixaque fala de um conflito entre o último rei iemenita do Himiar (ou Reino Himiarita) e os moradores de Iatrebe. Quando o rei estava passando pelo oásis, os moradores mataram seu filho, e o governante iemenita ameaçou exterminar o povo e cortar as palmeiras. De acordo com ibne Ixaque, ele foi impedido de fazê-lo por dois rabinos da tribo Banu Curaiza, que imploraram ao rei para poupar o oásis, porque seria o lugar "para onde um profeta do coraixita migraria para ser sua casa e local de descanso". O rei iemenita, desta forma, não destruiu a cidade e se converteu ao judaísmo. Ele levou os rabinos com ele e, em Meca, os rabinos teriam reconhecido a Caaba como um templo construído por Abraão e aconselharam o rei a fazer o que o povo de Meca fazia: circundar o templo, venerá-lo e honrá-lo, raspar a cabeça e comportar-se com toda a humildade até deixar seu recinto." Ao se aproximarem do Iêmen, conta ibne Ixaque, os rabinos mostraram ao povo local um milagre ao saírem ileso de um incêndio, convertendo os iemenitas ao judaísmo.

Conflito civil

Algumas vezes, as tribos Banu Aus e Banu Cazeraje brigaram entre si, sendo que na época da Hégira (migração de Maomé e seus seguidores para Medina), eles estavam em luta por 120 anos e se consideravam inimigos mortais. As tribos Banu Nadir e Banu Curaiza eram aliadas da tribo Banu Aus, enquanto a tribo Banu Cainuca era aliada da tribo Cazeraje. Eles lutaram um total de quatro guerras.

A última e mais sangrenta batalha foi a de Buate, travada alguns anos antes da chegada de Maomé. O resultado da batalha foi inconclusivo e a contenda continuou. Abedalá ibne Ubai, um chefe Cazeraje, se recusou a participar da batalha, o que lhe valeu a reputação de equidade e paz. Até a chegada de Maomé, ele era o habitante mais respeitado de Iatrebe.

A chegada de Maomé

Em 622, Maomé e os muhajirun deixaram Meca e chegaram a Iatrebe, um evento transformaria o panorama político e religioso completamente; a longa inimizade entre as tribos Aus e Cazeraje foi reduzida uma vez que muitos habitantes destas duas tribos adotaram o Islamismo. Maomé, ligado a tribo Cazeraje através de sua bisavó, logo virou o chefe e uniu os muçulmanos convertidos de Iatrebe sob o nome de Ansar (os "patronos" ou "os ajudantes"). Após a chegada de Maomé, a cidade aos poucos passou a ser conhecida como Medina (literalmente "cidade" em árabe). Alguns consideram esse nome como um derivado da palavra aramaica Medinta, que os habitantes judeus teriam usado para a cidade.

De acordo com ibne Ixaque, os muçulmanos e os judeus da região assinaram um acordo, a Constituição de Medina, que comprometeu as tribos judaicas à cooperação mútua com os muçulmanos. A natureza deste documento, como registrado por ibne Ixaque e transmitido por ibne Hixame, é objeto de controvérsia entre os historiadores modernos, muitos dos quais consideram que este "tratado" é, possivelmente, uma montagem de acordos, orais e não escritos, de diferentes datas, e que não está claro exatamente quando eles foram feitos.

A Batalha de Badr

A Batalha de Badr foi uma batalha fundamental no início do islamismo e uma virada na luta de Maomé com seus oponentes entre os coraixitas em Meca.

Na primavera de 624, Maomé recebeu informação de suas fontes de inteligência que uma caravana de comércio, comandada por Abu Sufiane ibne Harbe e protegida por trinta a quarenta homens, estava viajando da Síria de volta para Meca. Maomé reuniu um exército de 313 homens, o maior exército que os muçulmanos já haviam posto em campo. No entanto, muitas fontes muçulmanas primitivas, incluindo o Alcorão, indicam que nenhuma luta séria era esperada, e o futuro califa Otomão ficou para trás para cuidar da esposa doente.

À medida que a caravana se aproximava de Medina, Abu Sufiane começou ouvir dos viajantes e dos cavaleiros sobre uma emboscada planejada por Maomé. Ele enviou um mensageiro chamado Dandã a Meca para alertar os coraixitas e obter reforços. Alarmados, os coraixitas reuniram um exército de 900 a 1000 homens para salvar a caravana. Muitos dos nobres coraixitas, incluindo Amer ibne Hixame, Ualide ibne Utba, Xaiba e Omaia ibne Calafe, ingressaram no exército. Entretanto, parte do exército regressou posteriormente para Meca, antes da batalha.

A batalha começou com os melhores de ambos os exércitos se apresentando para entrar em combate. Os muçulmanos enviaram Ali, Ubaidá ibne Alarite (Obeida) e Hâmeza ibne Abedal Motalibe. Em um combate três-a-três, os muçulmanos liquidaram os melhores de Meca, Hâmeza matou sua vítima logo no primeiro ataque, embora Ubaidá tenha sido mortalmente ferido.

Na sequência, ambos os exércitos começaram a atirar flechas um contra o outro. Dois muçulmanos e um número desconhecido de coraixitas foram mortos. Antes da batalha começar, Maomé havia dado ordens para os muçulmanos atacar com suas armas de longo alcance, e só enfrentar os coraixitas com armas brancas quando eles avançassem. Posteriormente, ele deu ordem para atacar, atirando um punhado de pedras em direção ao exército de Meca, o que era provavelmente um gesto tradicional árabe, enquanto gritava "Desfiguradas sejam aquelas faces!" O exército muçulmano gritou "Yā manṣūr amit!" e avançou sobre as linhas coraixitas. O exército de Meca, sem força e entusiasmo para a luta, rapidamente desistiu e fugiu. A batalha em si durou apenas algumas horas e já estava terminada no início da tarde. Antigas fontes muçulmanas interpretam essas palavras literalmente, e existem vários hádices onde Maomé debate com o Anjo Jibril seu papel na batalha.

A Ubaidá ibne Alharite (Obeida) foi dada a honra de ser "quem atirou a primeira flecha pelo Islamismo", enquanto Abu Sufiane ibne Harbe mudou de lugar para escapar do ataque. Em retaliação por este ataque, Abu Sufiane ibne Harbe solicitou uma força armada de Meca.

Durante todo o inverno e primavera de 623 outros grupos de ataque foram enviados por Maomé de Medina.

A Batalha de Uude

Em 625, Abu Sufiane ibne Harbe, rei de Meca, que pagava impostos regularmente para o Império Bizantino, novamente liderou uma força de Meca contra Medina. Maomé marchou ao encontro desta força, mas antes de chegar à batalha, cerca de um terço das tropas sob comando de Abedalá ibne Ubai se retirou. Mesmo assim, as tropas de Medina marcharam adiante para a batalha, e, embora em número muito inferior, os muçulmanos foram bem sucedidos inicialmente e empurraram as linhas de Meca para trás, deixando a maior parte do acampamento de Meca desprotegido. Quando a batalha parecia estar próxima de uma vitória muçulmana, um erro grave cometido por uma parte do exército muçulmano mudou o resultado da batalha. A desobediência às ordens de Maomé pelos arqueiros muçulmanos, que deixaram os seus postos designados para espoliar o acampamento de Meca, permitiu um ataque surpresa da cavalaria de Meca, liderada pelo veterano de guerra Calide ibne Ualide, trazendo o caos para as fileiras muçulmanas. Muitos muçulmanos foram mortos e até o próprio Maomé quase morreu, saindo gravemente ferido. Os muçulmanos tiveram que se retirar das encostas de Uude. O exército de Meca não aproveitou sua vitória para invadir Medina e retornou para Meca.

A Batalha da Trincheira

Em 627, Abu Sufiane ibne Harbe mais uma vez liderou as forças de Meca contra Medina. Por causa de uma trincheira escavada pelos habitantes de Medina para proteger a cidade, es…

Texto obtido de Wikipedia - Medina sob licença CC-BY-SA-3.0 el 30 Julho 2021

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